Que espécies pode encontrar nos lagos do Parque da Cidade do Porto?
Com 83 hectares de áreas verdes que se estendem até ao mar, o Parque da Cidade do Porto, abriga várias espécies aquáticas nos seus lagos. Descubra quais.

O pimpão (Carassius auratus) é uma das espécies que se podem encontrar nos lagos do Parque da Cidade do Porto.
O Parque da Cidade do Porto é um verdadeiro pulmão verde que, ao longos dos seus mais de 80 hectares, acolhe 74 espécies arbóreas, 42 espécies arbustivas, 15 espécies de árvores de fruto e 10 espécies aquáticas nos seus lagos. Além dos diversos equipamentos que se podem encontrar neste parque, também existem dezenas de milhares de exemplares de espécies.
No Parque da Cidade do Porto é possível fazer caminhadas, correr, andar de bicicleta, fazer piqueniques e muito mais, ou simplesmente parar para relaxar e observar a natureza. Entre os diversos edifícios do parque, é possível visitar o Pavilhão da Água e o Núcleo Rural de Aldoar, que inclui um restaurante, um salão de chá com esplanada, um picadeiro e um Centro de Educação Ambiental.
Este parque, situado numa das zonas mais nobres do Porto, inaugurado em 1993, é o maior parque urbano do país, também conhecido pelos seus esplêndidos lagos, nos quais é possível observar diferentes espécies aquáticas, nas quais nos vamos agora focar.
Pato-real
Esta espécie tem um acentuado dimorfismo sexual. Na imagem é possível ver as diferenças do macho (à esquerda) para a fêmea (à direita).
O macho adulto tem a cabeça de cor verde iridescente e um anel branco no pescoço, dorso e ventre castanhos acinzentados e o peito castanho-escuro. A fêmea possui tons acastanhados, sendo semelhante a outras espécies de patos de superfície.
O pato-real (Anas platyrhynchos) prefere as zonas de águas pouco profundas, sendo uma das espécies aquáticas presentes no Parque da Cidade do Porto. Forma ninho escondido e as posturas podem ser de 12 a 15 ovos, com um período de incubação de cerca de 28 dias. Poucas horas após eclodirem, acompanham a fêmea e podem começar a voar ao fim de um mês de vida.
Mergulhão-pequeno
O mergulhão-pequeno (Tachybaptus ruficollis) é o menor dos mergulhões portugueses e possui uma plumagem dominada pelos tons de castanho.
A descrição desta espécie aquática presente no Parque da Cidade do Porto diz-nos que os sexos são semelhantes e que se trata do mergulhão de pequenas dimensões. O pescoço é proeminente e em forma de “S”, o bico curto, o corpo comprido e as patas com dedos grandes e palmados, de plumagem sobretudo acastanhada.
Durante o inverno assemelha-se ao mergulhão-de-pescoço-preto, distinguindo-se apenas pelo tamanho, olho escuro e pescoço e flancos ocres. Prefere águas lentas e calmas e esconde-se entre os juncais e caniçais. Durante a reprodução prefere zonas alagadas e com abundante vegetação.
Consegue nadar debaixo de água à procura de alimento, que é essencialmente plantas aquáticas, larvas de insetos e invertebrados aquáticos. Tanto os machos como as fêmeas contribuem para a construção do ninho e cuidado das crias, que já nascem com a capacidade de nadar.
Galinha-d'água
Esta ave apresenta algumas adaptações ao meio aquático, tais como as patas bastante compridas que lhe permitem caminhar sobre a vegetação flutuante.
Esta espécie aquática pode encontrar-se tanto em lagoas e albufeiras de grande dimensão, como em lagos de parques e jardins de zonas urbanizadas, como é o caso do Parque da Cidade do Porto, onde pode ser observada.
Embora semelhantes, o macho é maior do que a fêmea. Têm corpo escuro, cauda relativamente comprida, fronte e bico vermelho com ponta amarela e patas claras. As penas infracaudais são brancas. Os juvenis são todos castanhos com risca branca no flanco e a parte de baixo da cauda branca, escudo facial e bico verde-acastanhado e pernas e patas verde-azeitona.
A galinha-d'água (Gallinula chloropus) gosta de permanecer em matas à beira da água, onde trepa e se empoleira nas árvores, é omnívora e alimenta-se enquanto nada e também no solo de prados alagados e campos perto de água. Para além das plantas, também come insetos, moluscos, minhocas, alguns peixes, girinos e ovos de outras aves.
Rola-do-mar
A rola-do-mar (Arenaria interpres), também conhecida por rolinha e vira-pedras, pode atingir cerca de 23 centímetros de comprimento.
Esta espécie aquática é de média dimensão, robusta, atarracada, de patas curtas e alaranjadas e bico curto e pontiagudo. A plumagem nupcial é muito colorida, a cabeça é branca raiada de preto, dorso e asas castanho-alaranjadas e pretas, peitilho preto e partes inferiores brancas. No inverno, a plumagem passa a castanho-acinzentado com orlas brancas nas penas.
Prefere zonas rochosas com algas, alimenta-se revolvendo os seixos e algas e detritos marinhos à procura de insetos, moluscos e crustáceos. A reprodução ocorre com posturas entre três a quatro ovos e as crias abandonam o ninho quando nascem e tornam-se independentes ao fim de 19 a 21 dias, voando. No Parque da Cidade do Porto, esta espécie mostra-se esporadicamente no inverno.
Perca-sol
Este peixe de origem norte-americana, possui um corpo estreito e uma barbatana dorsal grande.
Trata-se de um peixe de pequeno/médio tamanho, que não ultrapassa os 40 centímetros. Os adultos habitam lagos, lagoas e vegetação, bem como piscinas com vegetação, riachos e pequenos rios. A perca-sol (Lepomis gibbosus) suporta a falta de oxigénio e altas temperaturas, alimentando-se de pequenos peixes e outros vertebrados e insetos.
Foi introduzida na Europa nos últimos 25 anos do século XIX para aquariofilia, proveniente da América do Norte, passando a ser considerada uma praga que provoca a redução das populações de espécies nativas.
Pimpão
O pimpão (Carassius auratus) pode atingir mais de 40 centímetros de comprimento e apresenta coloração variável, frequentemente com brilho bronzeado ou prateado.
Esta espécie exótica tem tamanho médio e a cabeça grande, relativamente ao corpo. A coloração varia entre castanho-esverdeado e dourado, existindo também outras formas e cores chamativas, como o cor-de-laranja.
Habita em rios, lagos e lagoas, em locais de água estagnada ou de fluxo lento. Alimenta-se de plâncton, invertebrados bentónicos, material vegetal, algas, fanerogâmicas e ainda detritos. Durante o inverno permanece quase totalmente enterrado nos fundos, reduzindo a sua atividade.
Peixe-gato
Este peixe de água doce apresenta um corpo comprido e achatado e barbilhos notórios, que recordam bigodes de gato.
De tamanho médio e corpo sem escamas, é coberto de muco. Pode atingir até 66 centímetros de comprimento, a cor predominante é o negro e pode viver até aos 10 anos de idade. Permanecem sobre os substratos moles, assim como nos fundos dos rios e barragens. O peixe-gato (Ameiurus melas) é extremamente resistente à poluição, escassez de oxigénio e altas temperaturas, sendo mais ativo durante a noite.
Alimenta-se principalmente de insetos imaturos, sanguessugas e crustáceos, enquanto jovem e, moluscos, material vegetal e pequenos peixes, em adulto.
Gambúsia
Este peixe de origem norte-americana varia geralmente entre os três e oito centímetros de comprimento, possuindo coloração clara, dentes pontiagudos e bordo da barbatana caudal arredondado.
É possível observar esta espécie exótica no Parque da Cidade do Porto, tratando-se de um peixe bentopelágico de água doce e salobra. Pode atingir até oito centímetros de comprimento e o seu corpo é acentuadamente mais estreito para trás da barbatana anal. Os machos vivem até um ano e, as fêmeas, até aos três.
A gambúsia (Gambusia holbrooki) alimenta-se de pequenos insetos terrestres que habitam nas plantas aquáticas. São ovovivíparos sexualmente muito precoces e fecundos. Chegou a ser considerada, na Europa, uma séria ameaça a várias espécies endémicas, atualmente o seu efeito sobre estas é mínimo.
Enguia-europeia
De cabeça larga, pele viscosa e corpo fino, a enguia-europeia (Anguilla anguilla) pode atingir mais de um metro de comprimento.
De corpo alongado e cilíndrico que se comprime na região caudal, é serpentiforme e pode atingir até 133 centímetros. É mais ativa durante a noite, escondendo-se em buracos durante o dia. Alimenta-se de praticamente toda a fauna aquática, podendo inclusive ingerir larvas de animais que vivem fora de água.
A abundância desta espécie no Parque da Cidade do Porto está relacionada com a proximidade da foz do rio e com a quantidade de chuva anual.
Os lagos do Parque da Cidade do Porto
Quem entra no parque pela frente marítima encontra um acesso permanente a este, pela ausência de portões. A partir daqui pode fazer-se uma visita no sentido longitudinal e é precisamente nesta entrada que se situa o lago mais pequeno do parque que, dada a proximidade ao mar, recebe visitas frequentes de aves marinhas, como a gaivota-d’asa-escura, a gaivota-argêntea e o guincho-comum.
Em direção a Este é possível observar uma zona relvada extensa e, passado esse desnível de terreno encontra-se, a Sul, um outro lago com uma zona de caniços. É na zona Norte, na entrada mais antiga do parque, que se encontra um terceiro lago em forma de retângulo, e é passando uma ampla zona relvada, que se encontra o quarto e maior lago do Parque da Cidade do Porto.
Considerado uma das 100 obras de engenharia civil no século XX em Portugal, o Parque da Cidade do Porto conquistou lugar entre as obras identitárias da cidade, integrando-se no universo dos valores que a população estima e dos espaços que todos gostamos de ter e utilizar.
De seguida, convidamo-o a fazer uma viagem histórica pelos jardins do Palácio de Cristal.