O comércio de animais de estimação exóticos, explicado
Milhões de animais são retirados dos seus habitats para viverem como animais de estimação, alimentando um próspero comércio ilegal de animais selvagens.

Todos os anos, milhões de animais exóticos são vendidos em todo o mundo, com destino a apartamentos e quintais. O termo "exótico" não tem uma definição clara, mas geralmente refere-se a um animal selvagem ou a um animal que é menos comum do que os habituais cães e gatos. O negócio em expansão de animais de estimação exóticos é conhecido como comércio de animais de estimação exóticos.
Parte deste comércio é legal, mas muitas vezes os animais são capturados ilegalmente dos seus habitats para satisfazer a procura de animais de estimação exóticos. A venda ilícita de animais vivos abrange uma parte importante do comércio ilegal de animais selvagens, um mercado negro global que gera lucros milionários.
Procura crescente
Os humanos sempre tiveram animais de estimação exóticos ao longo da história, mas a procura por criaturas únicas explodiu nos últimos anos. Uma boa parte desta situação pode ser atribuída à popularidade das plataformas de comércio eletrónico e das redes sociais, que forneceram uma forma de anunciar facilmente a venda de animais vivos. Também popularizaram os animais exóticos, proporcionando um espaço onde podem ser exibidos. Em 2015, uma série de vídeos publicados no YouTube com lémures que comem bolas de arroz em cativeiro tornou-se viral e levou à caça furtiva destes primatas de olhos arregalados, para alimentar o comércio de animais de estimação.
Origem dos animais de estimação exóticos
Alguns animais de estimação exóticos são criados em cativeiro. Os conservacionistas costumam ver a criação em cativeiro como uma forma de salvar os animais selvagens da caça furtiva para o comércio de animais de estimação. Muitos países permitem a exportação de animais criados em cativeiro, desde que tenham os documentos legais apropriados.
Mas inúmeros animais são retirados da natureza para serem vendidos como animais de estimação. Quando um animal é retirado do seu habitat, muitas vezes em violação das leis, pode ser usado para reprodução, ser vendido localmente, contrabandeado para fora do país, ou intencionalmente rotulado como criado em cativeiro para ser exportado sem problemas legais. Foi descoberto que tartarugas-estreladas-indianas da Jordânia, rãs-de-olhos-vermelhos da Nicarágua e muitas outras espécies estão a ser comercializadas desta forma.
Os efeitos do comércio de animais de estimação exóticos
A caça furtiva descontrolada para comércio de animais de estimação exóticos é devastadora para as populações de animais em todo o mundo. É responsável por dizimar inúmeras tartarugas irradiadas de Madagáscar, por exemplo, e levou ao risco de extinção os papagaios-cinzentos africanos, aves conhecidas pelas suas impressionantes habilidades vocais. Além disso, muitos animais sofrem durante a captura e o transporte. Mesmo quando chegam vivos ao seu destino final, geralmente ficam angustiados, incapazes de comer, de se moverem e de se comportarem como se estivessem na natureza.
O negócio de animais de estimação exóticos também afeta humanos e animais não diretamente envolvidos neste comércio. Os animais selvagens podem atacar os seus proprietários ou espalhar doenças, como o ébola e o SARS. Um surto de doença de Newcastle (também conhecida como pseudopeste aviária), que resultou na morte de 12 milhões de aves nos EUA na década de 1970, foi associado a papagaios contrabandeados com origem na América do Sul.
Esforços para combater o comércio ilegal de animais
A Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (CITES), um acordo internacional assinado por 183 governos, determinou a proibição ou limitação do comércio de muitas espécies animais procuradas como animais de estimação. Muitos países também proíbem as vendas internas ou a posse de certos animais. Nos EUA, as leis que regulam a propriedade de animais de estimação exóticos variam de estado para estado.
Além disso, organizações sem fins lucrativos em todo o mundo têm tentado pôr cobro ao comércio de animais de estimação exóticos, educando as pessoas sobre os danos provocados pela posse destes animais. Investigações realizadas pela World Animal Protection, uma organização sem fins lucrativos sediada no Reino Unido, revelaram que a melhor maneira de dissuadir as pessoas de possuir um animal exótico é enfatizar os riscos que podem representar para os humanos, e não para os próprios animais.
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Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site nationalgeographic.com.