Fotografias Silenciosas de Cenas Fatais
Lynn Johnson revisita locais onde foram cometidos atos violentos e convida-nos a refletir sobre uma realidade séria.

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As fotografias de Lynn Johnson são de lugares onde foram cometidos atos de violência, locais que ela quer que sejam vistos como neutros, fotografados a preto-e-branco para que se sinta a aridez, para que nos cinjamos aos factos. “Estes são os locais onde as pessoas foram mortas”, explica. “É importante não sobrecarregá-los com emoção ou atitude de nenhum tipo.”
Ainda assim, o impacto de ver o contorno pintado a tinta de spray, que marcava o local onde foi encontrado — em pedaços — o corpo da vítima de arrasto, James Byrd, não é menos profundo. Foi esta imagem, captada durante um trabalho para a revista Life, em 1998, que impulsionou um projeto pessoal sobre crimes de ódio, e que, em último caso, deu origem ao seu trabalho para um artigo publicado na National Geographic sobre a ciência da empatia — ou, nos casos de violência, da falta dela.
A maioria dos locais que visitou já não apresentavam sinais físicos do que ali tinha sucedido, o que se transformou num desafio: “Mantive a imagem da estrada na minha cabeça e tentei utilizar a mesma perspectiva documental simples. Também passei algum tempo com pessoas que fui conseguindo encontrar que tinham sofrido outros atos violentos nos locais que estava a fotografar. Isso ajudou-me a ter acesso à natureza assombrada do local e às tragédias que ali aconteceram.”
Para Johnson, saber que os atos de ódio estão enraizados no cérebro reforça muitas vezes a sua crença de que, se o comportamento violento for tratado de forma não sensacionalista e honesta, talvez haja esperança na mudança. “Nunca estamos assim tão longe [da violência]”, afirma. “Faz parte da condição humana, mas é a parte que é suposto sermos capazes de controlar. Não é um dado adquirido — vemos o que acontece quando os nossos líderes nos libertam de uma sociedade civil baseada no respeito pelo outro.”