Portugal promete proteger 30% da terra e do mar até 2030
Uma coligação intergovernamental reúne 50 países na implementação de medidas e ações de proteção do planeta Terra. Portugal está entre os países que aceitam o desafio.

Esta aliança internacional é liderada por França, Costa Rica e pelo Reino Unido.
São 50 os países que se comprometeram, a 11 de janeiro, a proteger pelo menos 30% da terra e do mar até 2030.
Em prol da proteção da biodiversidade, foi lançada a High Ambition Coalition for People and Nature, durante a celebração da One Planet Summit por videoconferência. Esta é uma coligação intergovernamental que procura proteger o nosso mundo e o nosso futuro. Apesar de esta ter sido a oficialização da aliança, a Costa Rica e outro pequeno grupo de países, promoveram a sua criação em setembro de 2019, na Assembleia Geral das Nações Unidas.
De acordo com Carlos Alvarado Quesada, apenas 15% de toda a área terrestre e 7% do mar estão protegidos. Assim, e lembrando que os oceanos e a terra fornecem serviços essenciais para a vida, como a água potável ou o ar puro, é tempo de agir e de nos comprometermos com os objetivos de conservação.
Pacto com o planeta Terra
O compromisso da proteção de 30% do planeta Terra, requer mobilização e colaboração de governos, organizações e populações indígenas, podendo implicar a criação de 650 mil empregos, além de cerca de 30 milhões em ecoturismo e pesca sustentável.
Os esforços de conservação não são suficientes para reverter a perda da natureza. Inverter esta tendência é um desafio social e económico categórico, que exige uma transformação de valores, de modelos de negócios e de hábitos de consumo.
Existe, atualmente, cerca de um milhão de espécies de animais e plantas ameaçados de extinção e, segundo evidências científicas, uma forma de evitar a crise de extinção em massa, implica a proteção de, pelo menos, 30% do planeta Terra até 2030.
30 x 30 na prevenção de pandemias
O desafio da proteção de 30% da terra e do mar prevê, também, um papel importante na prevenção de pandemias, uma vez que a perda de áreas naturais constitui uma ameaça para a saúde e segurança de todas as espécies.
O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que no início de janeiro de 2021, já 50 países tinham respondido ao apelo e se comprometido com a percentagem anunciada. Entre os que aderiram, encontra-se Portugal, Espanha, Chile, Angola, Dinamarca, Finlândia, Japão, Alemanha, Grécia, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes Unidos.
A cimeira One Planet teve quatro temas como chave
- A proteção dos ecossistemas terrestres e marinhos;
- A promoção da agroecologia, que possibilita proteger a diversidade de ecossistemas ao reduzir a poluição e criar mais postos de trabalho e garantir segurança alimentar;
- A mobilização de financiamento para a biodiversidade, através de novas iniciativas e compromissos de financiamento público e privado para projetos de proteção, gestão sustentável e restauro de ecossistemas e para as alterações climáticas e biodiversidade;
- A relação entre desflorestação, espécies e saúde humana, através do combate à desflorestação e prevenção de riscos relacionados com o nosso contacto com as espécies selvagens.
Os danos aos ecossistemas não têm precedentes e ameaçam com graves consequências ao longo das próximas décadas. A crise provocada pelo novo coronavírus, responsável pela Covid-19, veio alertar sobre a importância da natureza nas nossas vidas e economias, recordando que a biodiversidade é um seguro de vida. O virologista Pedro Simas, que entrevistámos recentemente, explica a importância da preservação e do respeito pelos habitats naturais para evitar futuras pandemias.
A Coligação apresenta ações ambiciosas
A Coligação utiliza as Conferências das Partes (COP15) para pressionar por ações globais ambiciosas e científicas para proteger a natureza e a humanidade. Se o objetivo dos 30% for alcançado, pode superar os custos sobre as implicações económicas da conservação da natureza numa proporção de pelo menos cinco para um.
De acordo com a comunidade científica, os seres humanos já provocaram alterações nos oceanos na ordem dos 66% e, na terra, na ordem dos 75%. Na cimeira One Planet, os chefes de Estado e demais decisores políticos declararam que a proteção da biodiversidade pode ser um impulsionador da recuperação económica pós-Covid-19.
O futuro no planeta Terra depende da prevenção do colapso dos sistemas naturais que nos fornecem comida, água limpa, ar puro e clima estável. O compromisso de Portugal e dos restantes países na Coligação é de proteger a terra e o oceano, iniciando uma mudança transformadora, com impacto no futuro de toda a vida na Terra.