Apenas Mulheres e Crianças Vivem Nesta Cidade Devastada Pela Guerra
A guerra civil na Colômbia ceifou as vidas de todos os homens de La Puria, uma aldeia indígena que se debate, ainda hoje, com as consequências do conflito.
Publicado 17/04/2018, 11:07
Uma adolescente indígena abandona uma casa com paredes de madeira e telhado de zinco, que ela própria ergueu.
La Puria dista meio-dia a pé da cidade mais próxima situada na floresta nebulosa de grande altitude na Colômbia. Aqui, uma mulher atravessa a única ponte que liga a aldeia à estrada.
Mulheres mais velhas preparam a comida para toda a comunidade. Embora alguns aldeões tenham fugido durante o conflito, nos últimos anos tem-se assistido ao regresso de alguns deles.
Jovens mães adolescentes dirigem-se à cozinha da aldeia, fazendo-se acompanhar dos filhos, muitos deles subnutridos. As gentes da tribo Emberá Katío foram sendo, progressivamente, privadas das suas terras, pela ganância de promotores imobiliários e o aproveitamento de guerrilhas, ficando assim confinadas a uma pequena área, que as obrigou a ajustar os hábitos e as formas tradicionais de alimentação.
Com poucos brinquedos, as crianças entretêm-se a brincar umas com as outras, enquanto um burro solitário atravessa o recinto. Várias populações da tribo Emberá vivem ao longo da costa da Colômbia e do Panamá no Pacífico.
A arte das crianças e das mães adolescentes da aldeia retrata, muitas vezes, soldados, helicópteros e minas terrestres. Durante os longos anos da guerra civil colombiana, mais de 200 000 pessoas foram dadas como mortas ou desaparecidas e mais 5 milhões foram deslocadas. Quatro milhões de civis foram mortos ou mutilados por minas terrestres, muitas delas colocadas pelas FARC.
Uma jovem mãe amamenta o seu filho.
Rosalina, de 26 anos, é a governadora indígena de La Puria. Grávida do seu quarto filho, recusa-se, porém, a falar do marido.