"Maravilha Dourada" Redescoberta Após 42 Anos
Trata-se apenas da terceira vez que o misterioso anfíbio foi visto por olhos humanos.

Após ter desaparecido em 1975, a criatura rara foi redescoberta. E não, não estamos a falar de Jimmy Hoffa. Embora se temesse a sua extinção, a salamandra Bolitoglossa jacksoni foi encontrada viva nas Montanhas Cuchumatanes na Guatemala.
O guarda Ramos Leon-Tomas identificou o anfíbio na recém-criada Reserva de Anfíbios de Finca San Isidro — tendo esta sido apenas a terceira vez que a salamandra foi vista por olhos humanos.
“Ter encontrado esta espécie é como se a mesma tivesse saído da extinção”, afirma Carlos Vásquez-Almazán, curador de herpetologia da Universidade de San Carlos, Guatemala.
Para Vásquez-Almazán, a redescoberta da salamandra é algo pessoal. Vásquez-Almazán efetuou 30 expedições em busca da lendária salamandra, além de ter formado os quatro guardas da reserva para procurarem o animal durante a patrulha.
A descoberta integra a campanha da Global Wildlife Conservation para procurar 1200 espécies pelo mundo inteiro consideradas "perdidas" para a ciência. Ironicamente, a salamandra em causa estava entre as 25 espécies mais procuradas nessa lista.
A descoberta histórica "dá-nos a esperança de que podemos recuperar muita da diversidade das nossas florestas que acreditamos que já se tenha perdido”, afirma Vásquez-Almazán, que é também o coordenador do programa de conservação de anfíbios na Fundação para o Ecodesenvolvimento e Conservação, uma ONG da Guatemala.
Maravilha Dourada
Graças ao seu tom amarelo brilhante, a salamandra Bolitoglossa jacksoni é também conhecida como a "maravilha dourada". E, sendo certo que este terceiro avistamento representa uma ótima notícia, Vásquez-Almazán admite que ainda não sabemos praticamente nada sobre o anfíbio.
Por exemplo, Leon-Tomas fotografou a salamandra — provavelmente um jovem macho — a quase mais de cerca de 300 metros de altitude do local onde se pensava ser o seu habitat.
Isto pode significar que a espécie está a mudar o seu território como resultado das alterações climáticas ou tal pode ser parte do alcance natural do anfíbio. Simplesmente não sabemos.
O grupo de salamandras à qual pertence a espécie Bolitoglossa jacksoni apresenta ventosas nas pernas, o que lhes permite trepar troncos no copado florestal.
Felizmente para a salamandra e os restantes animais das redondezas, grupos como o Wildlife Conservation e Rainforest Trust protegeram partes da floresta em 2015.
Se não fosse este ato de prevenção, Vásquez-Almazán suspeita que o habitat da maravilha dourada teria sido destruído devido à exploração de madeira ou convertido numa plantação de café.
Tempos Assustadores
O herpetologista Jonathan Kolby sabe bem como é penoso redescobrir anfíbios raros na América Central.
“Este ambiente, apesar de ser extraordinariamente belo, é frequentemente frio e húmido, bem como fisicamente extenuante de atravessar devido às espessas paredes de vegetação e terreno íngreme”, afirma Kolby, um bolseiro da National Geographic e diretor do Centro de Conservação e Salvamento de Anfíbios das Honduras.
Encontrar a salamandra trepadeira é também uma esperança em tempos "extremamente assustadores" para os anfíbios, acrescenta Kolby.
"Centenas de espécies estão atualmente a ser empurradas cada vez mais perto para a extinção devido à perda de habitat, poluição e uma doença infeciosa globalmente emergente provocada pela disseminação do fungo cítrico."
"Apesar deste desafio que a conservação global nos apresenta", afirma, "estou esperançoso de que seja ainda possível salvarmos muitas espécies de anfíbios que estão já à beira da extinção."