A Vida de Nelson Mandela em Fotografias
A vida do líder dos direitos civis que cresceu num meio rural na altura do apartheid e se tornou no primeiro presidente negro da África do Sul.
Publicado 8/03/2022, 12:54

Mandela, aqui numa foto de 2016, tinha sido libertado da prisão em 1990 após ter cumprido uma pena de 27 anos pelas suas tentativas de derrubar o governo minoritário caucasiano nos anos 60. Mandela venceu o Prémio Nobel da Paz e outros prémios pela sua liderança na transição pacífica para a democracia na África do Sul.
Quando Mandela chegou à Câmara Municipal da Cidade do Cabo após a sua libertação, uma multidão de 50 mil apoiantes tinha-se reunido para ouvir as suas primeiras palavras em público em mais de 25 anos. "A nossa luta tinha atingido um momento decisivo", afirmou, num evento transmitido para o mundo inteiro. "A nossa marcha de liberdade é irreversível".
O advogado e ativista anti-apartheid tinha sido condenado por traição e sabotagem em junho de 1964 e condenado a uma pena de prisão perpétua. Passou a maior parte da sua sentença em Robben Island, ao largo da Cidade do Cabo, realizando trabalhos forçados. Durante os anos 80, recusou muitas ofertas de uma libertação antecipada por parte do governo devido às condições associadas.
Mas, a 2 de fevereiro de 1990, o então presidente da África do Sul, F. W. de Klerk, anulou a proibição sobre o Congresso Nacional Africano (CNA) e outras organizações anti-apartheid, anunciando que Mandela iria ser libertado. Foi o início da abertura da era do apartheid na África do Sul, onde os negros enfrentavam uma forte discriminação.
Nas primeiras eleições nacionais em que os negros tiveram direito a votar, o CNA ganhou e Mandela tornou-se presidente. Permaneceu em funções até 1999.
Fotografia por Kim Ludbrook, European Pressphoto Agency
RITO DE INICIAÇÃO
Nelson Mandela nasceu no seio de uma família real do clã Xhosa, um dos maiores grupos étnicos na África do Sul. Os jovens do clã Xhosa, tais como os ilustrados nesta fotografia, são sujeitos a um rito de iniciação que envolve o isolamento das suas famílias, período durante o qual recebem instruções de homens mais velhos, sendo seguidamente circuncidados, uma prática ainda comum em muitas zonas da África central e do sul. Os iniciados são posteriormente considerados homens adultos. Mandela relembrou a sua iniciação na sua autobiografia Um Longo Caminho para a Liberdade.
Fotografia por Bruno Hadjih, Anzenberger, Redux
ÁFRICA DO SUL EM CHAMAS
Nesta fotografia de 15 de setembro de 1990, o corpo em chamas de um homem identificado como e apoiante do Partido da Liberdade Inkatha, apoiado pelos zulus, é agredido por seguidores do partido rival, Congresso Nacional Africano, durante um ato de violência entre fações no Soweto, na África do Sul.
Na pré-campanha das eleições de 1994 que colocaram Nelson Mandela no poder, muitos sul-africanos tinham medo do aumento da violência, sobretudo entre as fações rivais do CNA e do Partido da Liberdade Inkatha. As agressões e os bombardeamentos por parte dos supremacistas brancos na tentativa de iniciar uma guerra racial para travar o governo da maioria negra eram também uma preocupação.
Mandela fez campanha de forma incansável, apelando às pessoas que atirassem as suas armas para o mar e exigindo que o último presidente caucasiano, F. W. de Klerk, atuasse com firmeza relativamente aos agentes obstinados das forças policiais e de segurança.
Contra todas as expetativas, o partido de Nelson Mandela transformou uma nação onde, há apenas 20 anos, os negros sul-africanos não podiam votar e existia discriminação racial em serviços públicos como autocarros, comboios, praias e restaurantes. Após a vitória eleitoral do CNA, Mandela trabalhou arduamente para acalmar a tensão racial ao incluir líderes do Inthaka no seu governo e chegar mais perto dos líderes brancos da extrema-direita. A violência política diminuiu.
Fotografia por Greg Marinovich, Ap
WINNIE MANDELA
Winnie Mandela, esposa de Nelson Mandela, ergue um punho fechado ao marcar presença num tribunal de primeira instância em Joanesburgo, em dezembro de 1986. Winnie Mandela tinha sido detida pela polícia no Soweto, no dia anterior, por desafiar uma ordem que bania a sua presença no local.
Tornou-se numa líder política, por direito próprio, durante a longa estadia do seu marido na prisão. Mas o seu estilo de liderança e alguns dos seus associados tornaram-na numa figura controversa, sobretudo após um jovem que estava em sua casa ter sido espancado até à morte em circunstâncias misteriosas.
Fotografia por Greg English, Ap
CELA DE PRISÃO DE MANDELA
A antiga cela de prisão de Nelson Mandela (cela 5 na secção B, área de prisioneiros políticos) em Robben Island, ao largo da Cidade do Cabo. As condições eram de simplicidade espartana na pequena cela. A cama era um colchão no chão. Quatro anos após ter sido libertado, mesmo na qualidade de presidente da África do Sul, Mandela continuou a fazer a sua cama todas as manhãs, como fazia na prisão.
A prisão em Robben Island foi o local onde o governo sul-africano deteve os seus prisioneiros políticos mais proeminentes. A correspondência que entrava e saía das instalações era examinada e censurada e só ocasionalmente era autorizada a entrada a visitantes. Mandela e outros detidos utilizavam instalações sanitárias e duches comuns. Passavam a maior parte do seu dia em trabalhos forçados, incluindo partir rocha numa pedreira de calcário na ilha, onde o brilho e o pó causaram danos nos olhos de Mandela.
Os prisioneiros políticos de Robben Island organizavam-se, negociavam melhores condições com as autoridades e estabeleciam as suas próprias regras de comportamento entre si. Também partilhavam a sua educação entre todos. Enquanto esteve preso, Mandela escreveu secretamente grande parte da sua autobiografia que foi posteriormente retirada clandestinamente por prisioneiros que foram libertados.
Fotografia por Matt Shonfeld, Redux
MANDELA LIBERTADO
Com grande parte do mundo a assistir na televisão, Nelson Mandela e a esposa Winnie Mandela caminham, lado a lado, de punhos erguidos, após a sua libertação da prisão de Victor, Cidade do Cabo, domingo, dia 11 de fevereiro de 1990.
Fotografia por Ap
MANDELA NO ESTRANGEIRO
Nelson Mandela fala para uma multidão de cerca de 15 mil pessoas, a partir da varanda de um teatro em Amesterdão, a 16 de junho de 1990. À esquerda, vista de costas, está a sua esposa Winnie. Na altura, vice-presidente do Congresso Nacional Africano, Mandela realizava uma digressão de seis semanas por 13 países para agradecer aos apoiantes internacionais do movimento anti-apartheid e para apelar à comunidade global para manter as suas sanções contra a África do Sul.
Fotografia por Rob Croese, Ap
MANDELA VISITA A SUA CELA DE PRISÃO
No quarto aniversário da sua libertação, Nelson Mandela espreita pela janela da sua antiga cela na prisão de Robben Island. Foi detido na qualidade de preso político pelo governo do regime do apartheid, entre 1964 e 1990. A cela foi preservada e tornou-se num popular destino turístico.
Fotografia por Louise Gubb, SABA, Corbis
PRIMEIRAS ELEIÇÕES NACIONAIS MULTIRRACIAIS NA ÁFRICA DO SUL
Filas de pessoas aguardam nas primeiras horas do dia para votar nas eleições que viriam a consagrar Nelson Mandela como presidente da África do Sul. O período de votação de três dias, de 26 a 29 de abril de 1994, assinalou a primeira vez em que os adultos sul-africanos de todas as raças votaram para eleger representantes para o parlamento nacional e legislaturas regionais. O Congresso Nacional Africano obteve uma vitória esmagadora e 27 de abril, Dia da Liberdade, é agora um feriado.
Fotografia por Tom Stoddart, Getty Images
COMEMORANDO A ELEIÇÃO DE MANDELA
Os sul-africanos festejaram durante a noite inteira quando os resultados oficiais das eleições de abril de 1994 foram divulgados, após Mandela e outros líderes de partidos terem passado horas à porta fechada a analisar alegações de fraude e outras questões. Mas não havia dúvida quanto ao resultado: mais de 60% dos votos tinham ido para o CNA e Nelson Mandela era o presidente eleito de uma nova África do Sul democrática.
Fotografia por David Turnley, Corbis
MANDELA REFORMADO
Nesta fotografia de 2007, o antigo presidente sul-africano Nelson Mandela reage enquanto a chanceler alemã, Angela Merkel, à esquerda, acena após uma reunião no edifício da Fundação Nelson Mandela, em Joanesburgo.
Mandela continuou a receber chefes de estado durante anos após ter saído do poder na qualidade de primeiro presidente sul-africano do pós-apartheid. Nos últimos anos, passou a maior parte do seu tempo em isolamento com a sua família, surgindo ocasionalmente em público quando se tratava de um grande evento nacional. Mandela começou a ficar doente ao atingir os 90 anos e foi várias vezes internado no hospital para tratar uma infeção pulmonar recorrente.
Fotografia por Peter Dejong, Ap
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